terça-feira, 30 de junho de 2009

MEU ESCONDERIJO

Uma noite muita escura, mas agradável. Maria foi guiando um pequeno carro puxado por um cavalo branco. A estrada era larga, muita vegetação. E muitas árvores estavam cobertas de agrestes e perfumosas flores. Ela foi para a casa de campo e lá ficou na solidão por mais de dez anos. Nesta época já contava com mais de sessenta anos.

Depois de passado estes anos escutou uma voz conhecida, era de Antonio, seu ex-marido, era como se tivesse ressurgido das cinzas. Parecia que tudo não passava de uma alucinação. O estado de saúde de Maria estava muito alterado. Foi uma luta titânica que a manteve neste lugar e em total solidão

Ela viveu esses longos anos em um alheamento completo, esquecida completamente de tudo, só procurando viver na realidade da sua precária existência. Foi feliz, vivia sossegada em seu pequeno quarto e com o decorrer dos anos pode dizer a ela mesma que era feliz.

Antônio veio lhe ofertar à libertação, se arrependeu de ter lhe deixado, porém ela chegou tardiamente, pois ali naquele lugar nada lhe faltava, eis que ele mantinha empregado e pagava todas as suas despesas, desde que vivesse longe dos amigos e familiares, não agüentava ter que dar explicações a sociedade que sua esposa era doente. Sempre que precisava de alguma coisa mandava buscar e era prontamente atendida.

Aquele que lhe fizera tanto sofrer, agora estava ali na sua frente, e ela não tinha sentimento de ódio, nem um só lampejo de piedade.

Antonio repetia por diversas vezes, que quando mais ela precisava de amor e carinho, ele havia lhe abandonado naquela casa, onde vivia esquecida do mundo, pois tinha vergonha das crises que ela muitas vezes tinha na frente dos amigos e familiares.

Neste momento ao pensar nisso foi o bastante para que ela tudo esquecesse e voltasse para ele com ternura, pois ele estava pior que ela há dez anos atrás.

Juntos, com as cabeças quase encostadas, mãos entrelaçadas, olhavam o céu de um azul terno e suave.

Na árvore frondosa, bandos apressados de pássaros ali estavam, cantando alegres e felizes, com o despertar da manhã clara e fresca.

Ele reparou todos os seus erros. O seu arrependimento foi sincero. Ela deu o seu último suspiro de vida, e Antonio viu que ela não estava mais ali. Debruçou-se sobre seu corpo e chorou.
Maria foi sepultada debaixo da frondosa árvore que ficava defronte a casa. Era um lugar maravilhoso circundado de grandes árvores, cuja sombra acolhedora e amiga convidava para repouso e meditação. Ali se tornou o lugar favorito de Antônio

Certa noite Antonio foi deitar e santamente morreu, antes implorou perdão ao Senhor. Antônio foi sepultado debaixo da mesma árvore onde jazia Maria. A casa foi o cenário silencioso do drama vivido por aqueles dois seres amoráveis e sofredores.

Assim o casal subiu seu último degrau, mas conseguiram subir com coragem até o cume luminoso... Adeus!!!
(Graciela da Cunha)
19/09/09
Publicado na Antologia dos poetas virtuais

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Graciela da Cunha